Por Thyrso Guilarducci, técnico em Segurança no Trânsito
Conversando com um motorista chamado Artur (nome fictício) na região da Lapa, bairro de São Paulo, ele explica que a tensão no trabalho aumentou pela expectativa de que a qualquer momento pode ser alvejado por uma pedra ou objeto contra o para-brisa ou vidros laterais do ônibus.
Ele teme ser ferido e com isso perder a consciência e o coletivo descontrolado desencadear um sinistro de trânsito com possibilidades de lesões graves ou fatais em passageiros e transeuntes.
É uma somatória à pressão típica na função, pois diariamente os motoristas dos coletivos urbanos enfrentam trânsito caótico, conflitos com condutores de veículos menores ou motociclistas inconsequentes, infratores e até criminosos.
Passageiros agressivos e as condições precárias de muitas vias públicas adicionam elementos que colocam as resistências físicas e psicológicas ao extremo e com essa onda dos ataques aos vidros que se somam mais de mil ocorrências na Grande São Paulo, uma espécie de torniquete estrangula ainda mais a capacidade de manter-se lúcido ao volante de um veículo.
A segurança no trânsito está abalada com essas situações pontuais cujas investigações e efetividade no combate à essa modalidade de crime não vem surtindo efeitos. O Artur comenta, ainda, que soube das complicações que a empresa onde trabalha vem enfrentando com a SPTrans devido a retirada de alguns ônibus da frota ativa para reparos dos danos de vidros estilhaçados.
Os advogados têm de peticionar o organismo para evitar sansões de quebra de regularidade na frequência, pois falta sintonia do poder público concedente com a polícia, um absurdo que se for confirmado, gera uma crise digna de um protesto vigoroso.
O aspecto da insegurança ao volante de um ônibus é o mais impactante nesse contexto e a questão que não se entende por qual razão a inteligência das polícias civil e militar ainda não foram ao núcleo dessas ações nefastas.
Passageiros e condutores acumulam sensações de pânico a bordo de um coletivo, como se não houvesse maiores motivações para as pressões comportamentais na sociedade paulista.
Créditos das imagens, ônibus: windshieldexperts.com; vidro quebrado: PNGTree.com
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