A eletricidade foi bola cantada durante a Busworld 2025. O predomínio desse conceito dá uma mostra que o futuro do transporte sobre pneus, que já começou, escolheu em sua transição energética a eletrificação como combustível para percorrer os caminhos da sustentabilidade ambiental.
Pelos amplos pavilhões da mostra europeia foi possível ver um significativo número de empresas que investem no conceito da tração elétrica (com predomínio para o transporte urbano), destacando seus desenvolvimentos idealizados para os variados nichos de operação. O contexto foi muito bem ressaltado pelas diversas fabricantes, com portes e desenvolvimentos tecnológicos diferenciados, instaladas em várias partes do mundo.
O que chamou a atenção foi, novamente, a presença chinesa e seu poderio em busca de domínio do mercado. As sino marcas não pouparam esforços (pelo menos as mais consagradas) em expor seus conhecimentos e concepções para atender a eletrificação, com variados tipos de baterias, sistemas de recarga elétrica e veículos configurados à demanda operacional.
De uma maneira abrangente, os chineses e suas vastas equipes comerciais e de engenheiros, mostraram as variadas possibilidades quanto potência de motor, sistemas de recarga elétrica, autonomia e estratégias de negócios. Nesse pacote, viu-se que eles não estão para brincar no sentido de conquistar seu espaço no mercado, sempre trazendo soluções adequadas com as necessidades operacionais.
Ainda, de outras partes da Ásia, pode-se observar que determinadas marcas de países como Turquia, Japão e Vietnam estavam dispostos a mostrar seus conhecimentos em tração limpa e conceitos estruturais para a otimização de serviços e operações. E, no mesmo balaio, diga-se de passagem, todas prometem extensas autonomias, tanto em vias urbanas, como em ligações rodoviárias, com tecnologia de baterias que buscam superar o que, hoje, existe em relação a durabilidade e desempenho. As peculiaridades estão nos detalhes.
Num olhar mais superficial, as baterias lá mostradas tinham potências que variavam entre 250 e 600 kWh, dependendo das aplicações; os carregadores eram de vários modelos, também, com potências médias e altas (480 kW) para prevalecer as recargas mais rápidas; e estratégias comerciais que iam do desconto na venda, na oferta do melhor serviço de pós-venda aos contratos de joint-venture para garantir a união de forças visando o compartilhamento de experiências e reserva de mercado. Bons negócios, com certeza, não deixaram de ser realizados.
No segmento do transporte rodoviário, os desenvolvimentos com plataformas elétricas se destacaram, com alguns nomes apresentando seus projetos para serviços em longas distâncias, prometendo autonomias que alcançam até 600 km. Contudo, esse tipo de configuração acaba que “roubando” espaço nos bagageiros em função da instalação das baterias. Talvez, o que foi mostrado sirva de base para novos projetos que olhem essa configuração de maneira diferente, onde as baterias possam, num futuro próximo, estar em posições que não comprometam o transporte de bagagens e mercadorias.
Lembrando que o motor de combustão interna não foi esquecido e teve participação na feira por meio de algumas fabricantes que, ainda, visualizam sua permanência no mercado por muitos anos, até que os conceitos de engenharias possam promover ganhos estruturais em veículos que usam a propulsão elétrica e sua necessidade por baterias.
Ou aspecto de grande presença na Busworld foram os projetos e produtos da indústria de transformação, com objetivos para modalidades de transporte de pequenos grupos de passageiros, com veículos menores, do tipo van, adequados com a demanda do transfer e dotados de um acabamento especial, orientado pelas especificações dos operadores desse segmento, muito comum na Europa.
Na área de componentes e tecnologia, as muitas empresas que estiveram em Bruxelas ressaltaram suas concepções relacionadas com a gestão operacional, recursos embarcados e o monitoramento das viagens e baterias, com suporte ao transportador, à condução e aos passageiros por meio de inúmeras ferramentas e funções.
Quanto aos veículos, foi possível ver de tudo, onde o design e o acabamento tinham objetivos comuns de conquistar o público que percorreu os pavilhões da mostra. Com cores dos mais diversos tons, os ônibus expostos chamavam a atenção pela elegância, pelos detalhes e componentes presentes nas carroçarias, resultado das mais criativas ideias e tendências sobre a harmonização dos conceitos.
Linhas estéticas que se uniam às áreas envidraçadas e elementos funcionais, provocando um efeito encantador a quem se aproximava dos veículos. Ressalte-se a influência de sistemas avançados de câmeras que permitem uma maior visão do entorno dos veículos, tendo em companhia os sensores de ponto cego e radares que já fazem parte da plástica dos projetos. Os grandes e conhecidos retrovisores, marca registrada dos ônibus, estão cedendo seus lugares para o avanço tecnológico.
No lado interno, as carroçarias para o mercado europeu mantêm um ar sóbrio, com acabamentos e layouts quase que padronizados dentre as marcas e modelos, se diferenciando por cores, tipos de materiais utilizados e pequenos detalhes que fazem a diferença em determinadas funções básicas na operação.
A respeito das tecnologias revolucionárias para uma mobilidade autônoma, a feira mostrou alguns projetos de veículos com condução automatizada, com veículos de pequeno porte que lembravam cenas de filmes que retratam o futuro e suas peculiaridades. No lado de fora dos pavilhões, alguns exemplos da tecnologia sem motorista puderam ser comprovados em testes reais e com passageiros sem medo de provar o conceito.
Se todas as inovações, projetos e criações servem para a utilização em solo brasileiro, isso é outra conversa. Temos muito a aprender, mas, também, temos muito a ensinar (casos da Mercedes-Benz, Marcopolo e Volare, que mostraram suas tecnologias). Contudo, o que vale é dizer que a indústria mundial vem caminhando a passos largos para um futuro elétrico ou eclético, orientada pelo desenvolvimento de ônibus das mais diversas categorias e qualidade, com um papel de provocar um transporte eficiente e livre da poluição.
A revista AutoBus viajou a convite da Mercedes-Benz do Brasil
Imagens (algumas delas) – Revista AutoBus
Excelente parceria Mercedes-Benz e a Revista Auto-Bus de Antonio Ferro.
Reportagem objetiva e descritiva.