Por Bia Lima
O debate sobre a integração de modais e a transformação dos terminais de transporte em verdadeiros hubs de mobilidade e sociabilidade ganhou destaque na programação da Arena ANTP 2025, durante o 24º Congresso Brasileiro de Mobilidade Urbana, realizado no dia 29 de outubro, em São Paulo. O evento reuniu lideranças do transporte e da mobilidade urbana, entre elas empresas rodoviárias, operadores de transporte público, gestores, montadoras, encarroçadoras e empresas de tecnologia, em torno das tendências que moldam o futuro da mobilidade no país.
O painel “Terminais, hubs e integração: parcerias público-privadas para revitalização e gestão” reuniu representantes do setor rodoviário e urbano, metroviário e de fomento internacional, reforçando a importância da inovação, das parcerias e da centralidade da experiência do passageiro nas estratégias de desenvolvimento. Participaram Rodrigo Fernandes (Socicam), Silvia Pereira (Metrô de São Paulo) e Rémy Tao (Agência Francesa de Desenvolvimento – AFD), sob a mediação de Leticia Pineschi, conselheira da ABRATI.
Terminais: mais que plataformas, salas de estar da mobilidade
Representando a Socicam, líder nacional na gestão de terminais urbanos e rodoviários, além de portos e aeroportos, o diretor de Operações Rodrigo Fernandes destacou que os terminais são elementos vitais para a mobilidade da população e dos turistas e que a empresa vem investindo fortemente em novos serviços que permitam ampliar e melhorar a experiência de viagem para os turistas assim como a área comercial, que vem se expandindo e modernizando principalmente nos terminais de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas também em Brasília, Campo Grande e outras cidades não menos importantes no Nordeste. Destacou, também, investimentos em serviços que serão ofertados às empresas de ônibus que atuam de forma regular nos terminais rodoviários, facilitando a logística de limpeza e abastecimento dos ônibus. “A nossa empresa tem investido em inovação e conforto, expandindo as opções de serviços para melhorar a jornada do passageiro — embora o setor enfrente desafios como o crescimento das partidas descentralizadas e a concorrência de operações irregulares, muitas vezes desleais e predatórias, praticadas pelo transporte clandestino, que prejudica tanto a segurança quanto a eficiência do Sistema”, explicou Fernandes.
A mediadora Leticia Pineschi, da ABRATI (entidade que congrega as empresas regulares de transporte rodoviário), reforçou o papel essencial dos terminais, definindo-os como as “salas de estar da mobilidade brasileira” e reiterou o compromisso das operadoras rodoviárias regulares na parceria com os gestores de terminais rodoviários, principalmente no combate ao transporte irregular. Sob a ótica dos benefícios aos passageiros e turistas, as rodoviárias, que no seu ponto de vista, tem muito a melhorar em outras regiões do País fora do eixo Sudeste, oferecer conforto e conveniência é decisivo para que o passageiro escolha o transporte rodoviário “por convicção, e não por necessidade”. Ela também destacou o impacto da digitalização: hoje, até 85% das passagens rodoviárias de curta distância são vendidas online, o que exige repensar a estrutura física dos terminais.

Debatedores explanam sobre os principais assuntos dentro do setor
Trilhos paulistanos: conectividade e experiência
Falando do modal metroviário, Silvia Pereira, gerente de Negócios do Metrô de São Paulo, apresentou o papel da empresa como elo de conectividade e qualidade de vida urbana. O Metrô investe na experiência do usuário, com produtos de marca própria, parcerias privadas e melhorias na comunicação para turistas. Entre os projetos anunciados estão a chegada da Linha 17 (Ouro) ao Aeroporto de Congonhas, a implantação de Wi-Fi 5G nas estações e um pacote de reformas e inovações previsto até o fim do ano em outros empreendimentos sob sua gestão. “Queremos que o transporte público seja a melhor opção para chegar aos grandes eventos e pontos turísticos da cidade”, destacou.

O público acompanhou, atento, tudo o que foi falado no painel
O fomento francês e o modelo de financiamento sustentável
Trazendo uma perspectiva internacional, Rémy Tao, da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), explicou que a instituição, presente no Brasil há 18 anos, apoia projetos de mobilidade sustentável e inclusiva. A AFD já financiou iniciativas como o empréstimo de 300 milhões de euros para o Metrô do Rio e projetos intermodais na Paraíba e em João Pessoa. Tao apresentou modelos de Parcerias Público-Privadas adotados na França — como o da Gare Saint-Lazare, em Paris, cuja receita comercial cobre custos operacionais e financia reformas —, destacando que o objetivo é ajudar o Brasil a construir “hubs mais humanos e sustentáveis”.
O coletivo como futuro democrático
Encerrando o painel, Leticia Pineschi resumiu o debate com uma mensagem: “O transporte rodoviário, urbano, metroviário — o coletivo em geral — é o futuro da sustentabilidade e da sociedade. É mais democrático, inclusive pelo ponto de vista da sociabilidade e da troca de vivências.” A discussão consolidou a visão de que integrar modais, investir em terminais modernos e fortalecer parcerias é o caminho para cidades mais acessíveis, eficientes e humanas.

Bia Lima é jornalista há quase 30 anos no transporte rodoviário. Atualmente, é editora da Revista ABRATI, atuando, também, na comunicação de empresas como a Guanabara e Rodoviária do Rio S/A, Socicam, compartilhando insights sobre mobilidade e comunicação
Imagens – Divulgação













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