Por Antônio Augusto Lovatto, engenheiro de Transportes da ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros – Porto Alegre)
Na principal feira de transportes urbanos do país, ocorrida no mês de agosto deste ano, em São Paulo, a “estrela” do evento chamava-se Ônibus Elétrico. Praticamente todas as montadoras de ônibus urbano estavam com protótipo deste modelo de coletivo considerado mais sustentável.
Antes que alguém imagine que a alteração da matriz de combustão fóssil para uma matriz de energia limpa é simplesmente a troca de um tanque de abastecimento por uma tomada elétrica, está muito enganado. O ônibus elétrico tem desafios gigantes para vencer barreiras, mostrar-se competitivo e comprovar que realmente é um modo sustentável.
O primeiro desafio é o preço. Assim como os veículos de passeio, o ônibus elétrico tem o custo elevado comparado a um ônibus convencional de R$ 700 mil. O elétrico custa R$ 3 milhões, ou seja, quatro vezes mais.
A autonomia é outro ponto a ser ressaltado. Da forma como o transporte público por pneus é organizado no País, um ônibus convencional tem autonomia em torno de 450 km, já o ônibus elétrico consegue no máximo 200 km. Para vencer esta barreira, seria necessária uma rede de abastecimento, de carga rápida, nos terminais bairros de grande parte das linhas de ônibus.
O momento da troca de baterias também preocupa. A vida útil destes equipamentos é de oito anos, só que o custo da troca de todo o kit de baterias corresponde a 60% do valor do veículo, aproximadamente R$ 1,8 milhões.
E por último, existe um grande questionamento, mas nenhuma certeza, se realmente o veículo elétrico é menos poluente que o veículo com combustível fóssil. Esta dúvida deve-se ao fato de que para saber se é mais ou menos poluidor, temos que analisar toda a cadeia produtiva dos dois modelos, desde a extração dos materiais para produzir o veículo até o descarte final.
Imagem – Divulgação
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