O mundo caminha a passos largos para o uso do hidrogênio e células a combustível em sistemas de transporte. E, o Brasil, não quer ficar à margem disso, objetivando se tornar um exemplo na causa ambiental. Recentemente, a Universidade de São Paulo (USP) lançou a pedra fundamental para construir a primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio renovável, a partir de etanol, do mundo.
A planta-piloto ocupará uma área de 425 metros quadrados e terá capacidade de produzir 4,5 quilos de hidrogênio por hora, quantidade suficiente para abastecer até três ônibus e um veículo leve. A previsão é de que a estação experimental esteja operando no segundo semestre de 2024.
Em nota, a instituição de ensino informou que o hidrogênio produzido na estação vai abastecer os ônibus cedidos pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), que circularão exclusivamente dentro da Cidade Universitária.
Para se conseguir hidrogênio verde, haverá, na futura estação, um reformador a vapor capaz de converter o etanol por meio de um processo químico denominado “reforma a vapor”, que é quando o etanol, submetido a temperaturas e pressões específicas, reage com água dentro de um reator.
Marco Antonio Zago, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ressaltou que o projeto começou há cerca de 10 anos e que neste momento surgem os primeiros resultados inovadores relevantes. “Para dar suporte financeiro a projetos de longo prazo promissores como esse, é fundamental que as agências financiadoras tenham estabilidade ao longo do tempo. Curiosamente, no Brasil, apenas a Fapesp tem essa condição garantida pela legislação e pelo apoio constante do governo do Estado”, disse ele.
Os ônibus que irão rodar pela Cidade Universitária foram desenvolvidos pela fabricante gaúcha Marcopolo para o projeto da EMTU colocado em prática no ano de 2016.
Já o etanol a ser utilizado na produção de hidrogênio será fornecido pela Raízen. Hoje, o deslocamento do etanol do local de produção até o destino é feito em caminhões-tanque, que têm capacidade para armazenar 45 mil litros, o equivalente a aproximadamente 6.000 kg de hidrogênio. Esse mesmo veículo conduzindo como carga hidrogênio comprimido conseguiria transportar somente 1.500 kg de hidrogênio, ou seja, 4 vezes menos. Outro ganho trazido por essa solução é a facilidade de se replicar a tecnologia globalmente, devido ao baixo custo de transporte do biocombustível.
O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, acredita que o hidrogênio renovável produzido a partir do etanol terá uma participação relevante na matriz energética nas próximas décadas. “Ele será o responsável, principalmente, por reduzir significativamente os desafios envolvidos no transporte e distribuição do produto, que pode aproveitar a infraestrutura do etanol já existente nos postos, garantindo o abastecimento de veículos de forma rápida, sustentável e segura”, observou.
Imagens – Governo do Estado de São Paulo e USP
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