Os números de produção de ônibus no mercado brasileiro tendem a apresentar volumes acima do esperado pela indústria para este ano. De acordo com a Fabus, entidade que reúne a indústria nacional de fabricantes de carroçarias para ônibus, há uma projeção para se encerrar 2023 com mais de 20 mil unidades produzidas. Em se tratando de primeiro semestre, os volumes foram de 10.337 unidades (+30%) para o mercado interno e 1.404 carroçarias destinadas para o externo (-28%), totalizando 11.741 unidades, uma alta de 19% em comparativo ao mesmo período do ano passado.
Segundo Ruben Bisi, presidente da Fabus, o cenário do primeiro semestre pode ser dividido em dois períodos, sendo o primeiro trimestre muito positivo, em virtude das compras de ônibus Euro V encerradas em 2022, mas com a permissão de se produzir os veículos nos respectivos meses, e a chegada da normativa Euro VI, que impactou, negativamente, na fabricação de novos ônibus nos três meses seguintes. O segmento de urbanos foi o que mais cresceu nos primeiros seis meses (56%). “Ao olharmos esses números, poderemos chegar à uma produção que irá ultrapassar a casa das 20 mil unidades de carroçarias para este ano”, explicou.
Para o executivo, o mercado de ônibus rodoviários deve puxar a alta no segundo semestre, motivada pelo aumento das viagens regulares e de turismos, com a renovação da frota. “Também poderão contribuir com essa evolução de negócios a licitação de 16.400 ônibus para o Programa Federal Caminho da Escola, cinco mil a mais do que havia sido informada pela FNDE. Até a metade do mês de setembro já teremos os editais de licitação dos veículos. Com isso, os negócios desse setor poderão representar algo como 1,5 mil unidades, ainda em 2023”, observou. Para se ter uma ideia, em 2022 foram compradas sete mil unidades para esse programa de transporte escolar.
Suporte financeiro
Ruben Bisi ressaltou que os sistemas de transporte urbano no Brasil estão recebendo apoio públicos, por intermédio de subsídios e até mesmo tarifa zero, favorecendo a renovação das frotas de ônibus. “Há, ainda, o projeto do Marco Legal do transporte público, para as definições sobre o que as prefeituras poderão fazer em torno da qualificação e remuneração dos sistemas. Outras questões, que envolvem o Governo Federal, são o custeio das gratuidades, além da desoneração da folha e a reforma tributária que poderão impactar positivamente no setor”.
Outros programas também estão no radar do Governo Federal, como a descarbonização da frota por intermédio de financiamento especial criado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a operação de ônibus elétricos e até mesmo veículos movidos a biometano. “Temos, também, o Rota 2030, que é outro programa do Governo, a ser anunciado em breve visando o incentivo de pesquisas e desenvolvimento da própria descarbonização e ainda da reciclagem dos veículos. Os benefícios desse programa não serão para agora, mas sim de longo prazo”, afirmou Bisi.
Perguntado sobre o processo de eletrificação dos ônibus urbanos, o presidente da Fabus expressou que falta no Brasil políticas que orientem um consenso quanto a promover a escolha de uma tecnologia única em termos de tração, em função dos dilemas que ainda pairam na promoção de um transporte limpo. “Para nós, da Fabus, entendemos que, nas cidades com mais de um milhão de habitantes as frotas de ônibus deveriam ser elétricas. São cinco razões para isso – saúde pública, energia renovável produzida aqui, redução da poluição sonora e do aquecimento, controle de aceleração e por último a questão do custo operacional, pois, por estudos internacionais, é possível ser 46% menor em comparação com o modelo a diesel. O que ainda implica é o custo de investimento, de aquisição. Contudo, sabemos que essa eletrificação não se fará de um dia para outro, necessitando para isso a indução e o aporte de capital vindos dos gestores públicos de todas as esferas”.
Imagens – Divulgação e acervo Revista AutoBus
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