Editorial
Recentemente, a indústria brasileira de veículos automotores, por meio de sua entidade representativa, a Anfavea, abordou um tema espinhoso que é a taxação dos veículos importados com propulsão elétrica. A medida seria uma forma de proteção para que os fabricantes locais tenham, garantidas, as suas relações comerciais com o tema da eletrificação.
Este espaço, há algum tempo, vem observando e até alertando, que o setor produtivo brasileiro, principalmente o de ônibus, vem perdendo competitividade quanto aos mercados externos em que atua – latino-americano é o mais saliente sobre o fornecimento de modelos com tração limpa. Importantes mercados estão comprando da China, que, com sua expertise em ter uma cadeia de produção capaz de atender o mundo, chegou na frente, quando falamos em ônibus elétrico.
Aliás, esse assunto tem tomado conta de muitas opiniões e dos debates quanto a se promover uma mobilidade urbana sem emissões poluentes. Ônibus elétrico a baterias é a sensação do momento para que possamos ter um ambiente livre da poluição. Ele se insere, de forma fundamental, nas questões que envolvem um novo modelo de transporte, que atenta para a estratégia ambiental e a qualificação dos serviços.
No contexto da indústria nacional, todos os fabricantes de ônibus estão com seus projetos, muitos já adiantados e com estágios de consolidação, para atender, de forma significativa, o mercado da eletrificação, com produtos idealizados sob as características da realidade da operação brasileira.
Para a Anfavea, a participação da China na região da América Latina cresceu demais nos últimos anos e isso preocupa, promovendo aos produtores brasileiros uma redução em suas competitividades. É fato e algo precisa ser feito para reverter esse quadro. Já fomos protagonistas em fornecer os ônibus para a América Latina. Hoje, deixamos que a indústria chinesa desse o ponta pé inicial no jogo da eletromobilidade ao participar, de forma expressiva, em importantes projetos que culminaram em negócios com altos volumes de ônibus elétricos.
Poderíamos ter mantido nosso status de principal fornecedor de ônibus? A indústria brasileira está acordando tarde para o desenvolvimento da tecnologia se olharmos para a concorrência externa? Será possível virar esse jogo? A reforma tributária brasileira (insere-se aí o Custo Brasil) poderá contribuir com a volta de nossa competitividade perante a região? Somente a taxação aos importados será o ideal para conter a expansão dos chineses? São perguntas essenciais que precisam de respostas elementares e viáveis.
Não há dúvidas que a produção nacional seja capaz de desenvolver e fabricar os melhores ônibus, sejam eles com motores de combustão interna ou elétricos, atendendo as necessidades mercadológicas em vários países. Entretanto, o setor precisa mostrar sua força e comprovar que a capacidade instalada tem todas as condições para atender ao que os mercados externos solicitam, intensificando a nacionalização de componentes e a atração dos fabricantes internacionais de insumos essenciais para a eletrificação, como as baterias.
Em tempo. Este espaço reforça que o Brasil tem totais condições de liderar o cenário mundial da descarbonização do transporte, desenvolvendo os múltiplos modelos de propulsão limpa, trabalhando em várias frentes (biocombustíveis, células a combustível, baterias) para alcançarmos sucesso comercial e operacional. A indústria brasileira sabe do desafio se quer se igualar aos chineses ou outros importantes players que estão em estágio adiantado de evolução das tecnologias limpas.
Imagem – Revista AutoBus
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