Seis novos ônibus, com carroçarias Foz Super 2500, produzida pela marca Caio, serão utilizados no transporte de alunos em cidades do estado de Pernambuco. Até aí tudo bem. O diferencial é que eles foram adquiridos pela ONG Amigos do Bem, instituição nacional dedicada ao combate à fome e à miséria, que por meio de iniciativas focadas na educação, geração de renda e diversos projetos, visa transformar vidas e promover o desenvolvimento local.
Esses seis veículos receberam uma configuração personalizada e acessível, sendo equipados com dispositivo de poltrona móvel (DPM), tendo capacidade para 59 passageiros. Contam, ainda, com duas portas sedan, sendo uma com acionamento eletropneumático e a outra com acionamento manual.
Contudo, o que chama a atenção nos novos ônibus é o sistema Arejabus de climatização natural, favorecendo a circulação de ar dentro do veículo, criando um ambiente arejado, saudável e seguro, sem impactar no consumo de combustível e no meio ambiente. De acordo com os criadores desse recurso, ele evita a concentração de vírus e bactérias, além de prevenir o embaçamento do para-brisa em dias chuvosos.
Em linhas gerais, a tecnologia funciona com um controle de ventilação que aciona exaustores e ventiladores, de acordo com a velocidade do ônibus. O sistema conta com um captador de ar que permite a entrada de ar fresco pelo teto, enquanto um exaustor natural se encarrega da exaustão do ar quente. As venezianas, por sua vez, asseguram a entrada de ar fresco sem permitir a entrada de água.
Leonardo Santiago, diretor-executivo da Areja, destaca que seu sistema não se trata de um ar-condicionado, mas sim uma solução que equilibra termicamente o ambiente do ônibus e garante ventilação constante para a sensação térmica seja melhor. “Um comparativo interessante é pensar quando estamos em um ambiente fechado e com baixa ventilação, nossa sensação térmica é totalmente diferente de estar ao ar livre e debaixo de uma sombra. É justamente isso que o Arejabus promove, um ambiente bem arejado e saudável”, comentou.
Ainda, de acordo com Santiago, sua criação é modular e pode se adaptar a cada modelo de ônibus, tanto novos quanto usados, se adequando conforme o projeto. “Mas, para dar uma noção, um projeto como esse, da ONG Amigos do Bem, o veículo tem 11 metros de comprimento, sendo equipado com três captadores de ar, que realizam a entrada de externo, um exaustor natural que retirar o ar quente do ambiente, quatro venezianas para permitir que o passageiro mantenha as janelas abertas mesmo em dias chuvosos, e por fim, um controlador de ventilação que aciona ventiladores e exaustores elétricos sempre que for necessário”, explicou.
Sua história com o desenvolvimento da tecnologia vem de alguns anos, lá em 2015. Estava ele, em um ônibus em Salvador, num dia de muita chuva, sendo que o veículo estava todo fechado e lotado, com muita gente com dificuldade de respirar. “Desenvolvi o sistema por utilizar muito transporte coletivo durante toda minha vida e senti na pele o problema do calor excessivo”, contou Santiago.
Entretanto, foi só em 2018 que, de fato, ele iniciou o desenvolvimento do sistema durante o cursar da faculdade por meio de um programa de inovação chamado Hotel de Projetos do IFBA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia). “Esse programa proporcionou capacitação técnica e empreendedora para que o projeto de pesquisa pudesse em algum momento se tornar um negócio. Em 2019, fomos premiados e participamos do programa Coletivo da NTU, que foi fundamental para nos conectar com o mercado e viver de perto a realidade das operações. Após muitos ajustes e testes em várias cidades, chegamos no momento atual em que temos um produto validado e disponível no mercado”, salientou.
Imagens – Divulgação
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