O gás renovável na ordem do dia

O uso de biometano em frotas de veículos comerciais é uma solução, dentre outras, para reduzir a pegada de carbono do transporte
Antonio Ferro,

Antonio Ferro,

Editor

Editorial

De acordo com o portal Eixos, o biometano pode ser para o Brasil o que o hidrogênio verde é para a Europa. De uma maneira superficial, o tom da conversa pode cair naquele jogo muito visto nessa transição energética em que ambos os lados do campo defendem o que é seu e o adversário não tem razão. Contudo, pelo contrário, esse anúncio pode confirmar algo que temos de abundância para uma matriz energética sustentável e capacitada para mover nossos veículos comerciais.

E, como destacou a agência de notícias em petróleo, gás e energia no Brasil, em seu editorial envolvendo Sébastien Lahouste, CEO da Fluxys Brasil, do grupo belga Fluxys, um dos maiores operadores de infraestrutura de gás da Europa, e que controla 30% da TBG (Gasbol), o biometano é uma solução viável no curto prazo para o Brasil, diferentemente do hidrogênio verde, que ainda depende de investimentos massivos em infraestrutura. Na visão do executivo, o Brasil tem que ir pelo biometano, que já existe, tem sinais de mercado, pessoas que constroem as plantas, é uma tecnologia conhecida, não é uma cadeia de valor totalmente nova.

Vivemos um momento de fomentar os investimentos nesse biocombustível que vê sua participação na matriz energética crescendo, com a construção de novas usinas pelo País. O potencial é enorme aqui, pois há muitas fontes de geração. Contundo, como se trata de um mercado novo para o modal do transporte, a regulamentação se faz necessária, tanto em sua produção, distribuição e políticas de preço.

Para o segmento do transporte coletivo, o combustível renovável tem sido uma alternativa para que os ônibus possam, ainda mais, cumprir com o seu papel de sustentabilidade na mobilidade urbana. O seu conceito energético se apresenta com vantagens econômicas em relação ao modelo elétrico, atual, onde o veículo é mais barato, sendo que é possível usar motores do Ciclo Otto dedicados ao gás natural em combinação com o biometano.

Quanto a infraestrutura de abastecimento, muitos poderão dizer que não há rede suficiente para que isso ocorra. No entanto, nem com a eletricidade isso está acontecendo na maior cidade do Brasil. Cobra-se pela implantação de gasodutos e redes de alta tensão capazes de tornar viável ambas as formas de energia. Para a eletricidade, busca-se solução externa como grandes bancos de baterias capacitados a armazenar energia em condições para que haja o abastecimento dos ônibus na garagem. Contudo, o biometano pode ser distribuído por carretas tanques, uma alternativa semelhante que não deve ser desprezada na falta de dutos que cheguem até os pontos de abastecimento. Não precisamos atravessar o mundo se o conteúdo local é capaz de prover tal eficiência energética.

A lei do Combustível do Futuro, dentre as suas atribuições, tende a fomentar um mercado cativo para o biometano. Contudo, sua produção e distribuição em escala precisa levar em consideração muitos aspectos para que possa ser competitivo, como entender o mercado e sua demanda, além do planejamento sobre a infraestrutura, com uma característica pulverizada pelos diversos pontos de origem do combustível.

O Brasil não pode apostar suas fichas, somente, em uma solução de descarbonização do seu sistema de transporte sobre pneus. É um dever de seus gestores públicos a visão sobre aquilo que é poluição, hoje, ser transformado em energia limpa para uma mobilidade sustentável. Tecnologias alternativas nós temos. Falta bom senso para utilizá-las.

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