Aquele surrado clichê – mulher no volante, perigo constante -, já não se aplica há tempos por se tratar de uma nova era em que a presença feminina, seja na direção dos veículos ou como executiva no setor de transportes, tem trazido excelentes resultados. No caso da operação dos ônibus, vemos que motoristas mulheres são reconhecidas pela melhor maneira de operar a máquina e de se relacionar com o passageiro.

Já na administração empresarial, elas mostram que têm muita competência para gerir e compartilhar conhecimento e sabedoria. E, visando fomentar e valorizar o protagonismo feminino na atividade transportadora, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) realizou, no começo de maio, o evento Mulheres no Transporte – Trajetórias que Inspiram -, em Brasília (DF).

O encontro reuniu empresárias, gestoras, especialistas e lideranças femininas para compartilhar experiências, estimular parcerias estratégicas e engajar organizações na promoção de maior equidade no setor. De acordo com Fernanda Rezende, diretora-executiva interina da CNT, a importância de criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e consciente é essencial para que haja apoio no ambiente profissional, objetivando o fortalecimento mútuo. “Falar sobre nossos desafios e sobre como superá-los nos ajuda a mostrar que somos tão capazes quanto os homens – ou até mais”, declarou.

Eliana Costa, diretora adjunta do ITL (Instituto de Transporte e Logística), instituição que realizou o evento, disse uma mensagem que salientou inspiração e resistência. “Lembrem-se: vocês podem, vocês conseguem. Não aceitem o ‘não’ como resposta. Foi assim que construí minha trajetória. A diversidade fortalece as organizações e gera melhores resultados. Precisamos unir forças para transformar nossas empresas e o país. Hoje vivemos em uma sociedade desigual — e é nossa missão enfrentar isso”, afirmou a executiva.

Paula Barcellos – Personagem importante que busca engrandecer a presença feminina no setor de transporte

A CEO da Viação Águia Branca, Paula Barcellos, também, esteve presente e destacou iniciativas internas para valorização das mulheres, incluindo ações afirmativas voltadas a mulheres negras. Ela, que representa o segmento do transporte rodoviário de passageiros, defendeu uma liderança mais empática e afetiva, em contraponto aos modelos masculinos tradicionais, e apontou a necessidade de programas de alta gestão com uma abordagem mais humanizada.

De acordo com a executiva, foi muito especial participar desse momento histórico da CNT. “Enquanto eu ouvia, ali na frente, as trajetórias das lideranças femininas do transporte, me emocionei. A presença das mulheres nesse setor tem força, e precisa crescer. Estou há 23 anos no transporte rodoviário. Hoje, como CEO da Viação Águia Branca, entendo que meu papel vai além da gestão: é também garantir que outras mulheres tenham espaço, que ocupem cargos de liderança e que tenham voz nos lugares estratégicos. A gente não precisa repetir o modelo masculino de liderança. Podemos ser firmes, buscar alto desempenho e, ainda assim, liderar com afeto. Esse é o nosso jeito, e funciona!”, ressaltou.

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