Quatro ônibus de última geração, na configuração rodoviária, chamaram a atenção de quem passou pelo Congresso Nacional, em Brasília (DF) no dia 27 de maio. A exposição tinha um propósito – o lançamento da campanha Direção Certa pela Abrati, Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros. Segundo ela, é preciso conscientizar a classe política dos riscos da aprovação de medidas que proporcionem propostas de desregulamentação desse setor estratégico e de alcance nacional.
Leticia Pineschi, conselheira da Abrati e executiva do setor, ressaltou que essa nova campanha vem para mostrar, não só para a classe política, mas para o País, que o segmento do rodoviário nacional é expressivo e atua de forma ampla, na maioria das regiões brasileiras, oferecendo diversos tipos de serviços por meio de veículos modernos e com constantes investimentos em frota, tecnologia e valorização profissional. “Quisemos mostrar a capacidade de nosso setor em atender um sistema que está presente na maior parte do Brasil, com produtos modernos, que oferecem segurança e conforto aos passageiros. Essa publicidade tem o objetivo de destacar o quanto estamos investindo para o melhor transporte”, disse.
Ainda, segundo Letícia, a preocupação das empresas regulares em poder dispor de veículos de última geração é significativa, representada pelo grande investimento feito nos últimos tempos. “Para se ter uma ideia, no ano passado, foram investidos R$ 7 bilhões pelas empresas associadas, sendo R$ 4 bilhões em frota (em torno de 1.340 veículos) e o restante em tecnologia, infraestrutura e aperfeiçoamento da nossa mão de obra”, destacou.
Para a executiva da Abrati, a máxima do “quem não aparece, não é lembrado”, ganha destaque nessa campanha em que irá dar maior visibilidade ao segmento, formado por 174 transportadoras. “Hoje, estamos dando a partida à um movimento para impulsionar, ainda mais, as empresas e seu legado junto à sociedade, com o qual queremos a relevância desse sistema que é importante na mobilidade das pessoas”, observou Letícia.
No momento da exposição dos ônibus, o presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, deputado Júlio Lopes (PP-RJ), citou que o transporte regulado de passageiros no Brasil tem um nível de competitividade internacional. “Ele é altamente seguro. Na verdade, o que temos, infelizmente, é muita competição irregular e muita irregularidade no setor. O Brasil viaja mesmo é de ônibus. Precisamos nos esforçar para fazer com que esse meio de transporte tão importante fique cada vez mais acessível a todos os brasileiros”, disse.
Outro parlamentar, o deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG), também, participou do evento e comentou que o que faz dessa campanha um sucesso é a importância de mostrar todos esses serviços, como eles são prestados à população e como o Congresso pode valorizar ainda mais esse setor. “O setor está levando conforto à população, praticidade e, acima de tudo, qualidade e preço acessível, o que é o mais importante”, elogiou.
Letícia foi além das falas dos deputados, salientando que houve uma surpresa positiva vinda dos parlamentares quanto a tecnologia veicular utilizada nas operações e, ainda, em termos de valores do custo dos serviços que pode ser atrativo ao passageiro. “Os deputados foram esclarecidos quanto as configurações internas usadas pelas empresas em seus serviços, tendo poltronas de diversos tipos para experiências variadas de conforto. Já sobre os valores das passagens, o setor rodoviário tem a vantagem de oferecer preços módicos e adequados com a maioria da população, onde a flexibilidade tarifária tem sido um diferencial para que os serviços sejam atrativos”.
Perguntada sobre as diferenças no tratamento tributário entre os modais rodoviário e aéreo, Letícia disse que é um assunto que precisa ser aprofundado para que os passageiros dos ônibus não sejam penalizados e tenham as mesmas vantagens de quem voa. “Iremos destacar esse tema junto aos parlamentares, além de outras questões que nos impacta negativamente. Se tivermos o mesmo tratamento que o avião tem, poderemos oferecer passagens mais baratas. Outro tema que precisamos ressaltar está relacionado à infraestrutura viária, um gargalo em nosso cotidiano, sendo que apenas 12% das rodovias contam com algum tipo de pavimento, implicando no aumento dos custos de manutenção de nossos veículos e nas condições negativas da operação”.

Letícia Pineschi, da Abrati
A Abrati informou que, em 2024, de acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), foram transportados 43,6 milhões de passageiros em viagens interestaduais de ônibus no Brasil, um número 24,9% maior se comparado a 2023. Ao longo do ano passado foram realizadas 4,5 milhões de viagens e, do total de 43,6 milhões transportados, cerca de 5 milhões têm algum tipo de gratuidade, beneficiados com as regras de gratuidade. Isso representa um reforço ao aspecto social desse segmento de mercado. “Estamos falando de um serviço que abrange mais de 5.000 municípios, com aproximadamente 12 mil veículos e cerca de 50 mil empregos formais gerados”, disse o presidente da Abrati, Paulo Porto Alencar Lima.
Outra amargura vivida pelo setor tem a ver com a mão de obra, aspecto que é um desafio constante e que exige das operadoras ações internas para manter um quadro eficiente de profissionais capacitados com a operação e a tecnologia usada, afinal, um ônibus Double Decker pode custar R$ 2 milhões. “Há operadoras que implantaram escolas para poderem formar motoristas e, até mesmo, pessoal de manutenção. Há outros setores que, ainda, demandam de recursos humanos, como o do preço dinâmico praticado pelas empresas, em que as equipes precisam ser treinadas e ter a disposição softwares para que os serviços tenham desempenho”, afirmou Letícia.
Há no mercado, segundo a diretora da Abrati, um gap de 30% a ser completado, gerando oportunidades para que os motoristas possam conquistar suas vagas na operação. “Sou, absolutamente, contra a dupla de motoristas nas viagens, pois há muita oportunidade de trabalho. Lembrando que o setor interestadual gera 50 mil empregos diretos, hoje, com 15 empregos por veículo. Nós da Abrati sempre vamos fomentar as boas práticas junto às suas associadas para que o transporte e os serviços possam ser realizados com segurança, trabalhando em parceria com instituições que representam a classe dos condutores para a maior valorização profissional”, completou Letícia.

O conforto é, ante de tudo, um imperativo
A visão da transportadora
Uma das participantes do evento de lançamento da campanha Na Direção Certa, a capixaba Viação Águia Branca, salientou que a regulamentação é fundamental para garantir que o passageiro seja atendido por empresas que atuam com responsabilidade e seguem padrões rigorosos de segurança e qualidade. Ela é reconhecida por seu compromisso com a excelência e segurança, sempre operando com produtos equipados com tecnologia de ponta, conforto e eficiência energética.
A empresa, também, é a primeira do setor rodoviário brasileiro certificada com a ISO 39001, norma internacional de segurança viária, além de manter, desde 2001, a certificação ISO 9001 em gestão da qualidade. “Apoiamos a campanha ‘Na Direção Certa’ porque ela representa aquilo que praticamos em nosso dia a dia: respeito ao passageiro, investimentos consistentes e compromisso com a segurança. Um setor regulamentado é a base para o crescimento sustentável do transporte rodoviário de passageiros no Brasil”, defendeu Renan Chieppe, vice-presidente da Divisão Passageiros do Grupo Águia Branca.
Imagens – Divulgação e Revista AutoBus
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