Por Miguel Ângelo Pricinote, subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte da Secretaria Geral de Governo do Estado de Goiás
A mobilidade urbana constitui um dos pilares essenciais para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida nas grandes cidades. Na Região Metropolitana de Goiânia, o desafio do transporte coletivo se impõe diante do crescimento acelerado, da expansão urbana desordenada e das demandas por deslocamentos cada vez mais complexas. Nesse cenário, o projeto Nova RMTC, lançado em 2023, emerge como uma iniciativa inovadora capaz de reestruturar o sistema de transporte e promover uma integração mais efetiva entre planejamento urbano e mobilidade.
O sistema de transporte coletivo, historicamente pautado na concentração de investimentos no município-polo e na expansão periférica fragmentada, vinha apresentando dificuldades operacionais expressivas. Estudos recentes apontavam que a dispersão das atividades econômicas e os longos deslocamentos pendulares geram trajetos extensos e intervalos de viagem elevados, deteriorando a percepção dos serviços oferecidos aos usuários. Essa realidade evidenciaram a necessidade de políticas públicas que não apenas modernizem a infraestrutura física, mas também promovam uma gestão integrada, capaz de acompanhar as transformações urbanas e responder à crescente demanda do fluxo metropolitano.
Entre as ações implementadas pela Nova RMTC, destacam-se a revitalização e a construção de mais de 3.000 pontos de ônibus, a substituição das estruturas convencionais por abrigos modernos e a integração digital dos pontos de parada. A renovação de 100% da frota por veículos mais ambientalmente sustentáveis.
Neste contexto podemos afirmar que um sistema de transporte eficiente pode reduzir o tempo de deslocamento dos cidadãos, diminuir os custos operacionais (tanto para o poder público quanto para os usuários) e incentivar práticas sustentáveis.
Ou seja, uma frota modernizada e um sistema de linhas reorganizado podem contribuir para a diminuição da emissão de gases poluentes, uma vez que a otimização dos trajetos evita deslocamentos desnecessários e reduz a quilometragem total percorrida pelos veículos.
Somado aos abrigos renovados e pontos de parada informatizados, os usuários usufruem de condições de espera mais seguras, com acesso a informações atualizadas sobre seus itinerários. Essa melhoria da qualidade percebida do serviço é essencial para a construção de uma mobilidade urbana que promova a cidadania e a inclusão social.
Ao incentivar a descentralização das atividades e a integração de diversas cidades da região metropolitana, políticas públicas bem-conceituadas podem criar um ambiente propício para o desenvolvimento econômico e social fora do núcleo central. Isso, consequentemente, diminui a pressão sobre a capital e distribui melhor os impactos do crescimento urbano.
A convergência de políticas que visam tanto a requalificação do transporte quanto a transformação urbana é, portanto, um caminho promissor para a melhoria da qualidade de vida. Investimentos em infraestrutura, aliados a estratégias de descentralização e ao estímulo ao transporte sustentável, podem criar uma rede de mobilidade que responda de forma dinâmica às demandas de uma população em constante crescimento e mudança.
Já a descentralização das atividades econômicas, por meio da criação de polos regionais e da intensificação do policentrismo, pode contribuir para a redução dos deslocamentos pendulares e a melhoria da eficiência do sistema. Ademais, a integração das estratégias metropolitanas e municipais permite um ajuste mais preciso da oferta de transporte às necessidades reais dos cidadãos, evidenciando a importância da coordenação entre governos e a adoção de soluções tecnológicas para o monitoramento e a gestão dos serviços.
Apesar dos avanços já alcançados, persistem desafios significativos. A atualização dos dados e a integração de informações em tempo real são necessárias para acompanhar as mudanças na dinâmica urbana, enquanto a manutenção financeira e a articulação entre os entes federativos exigem esforços contínuos. Esses desafios, contudo, não devem ofuscar a relevância e o potencial transformador das iniciativas que visam colocar a mobilidade urbana como vetor de desenvolvimento sustentável e inclusão social.
Portanto, o projeto Nova RMTC e a atuação estratégica da Subsecretaria de Políticas para Cidades e Transporte demonstram que, por meio de investimentos continuados em infraestrutura e de uma gestão integrada e visionária, é possível transformar o transporte coletivo em uma ferramenta eficaz na promoção da cidadania.
Imagem – Carlos Júnior
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