Estou mais otimista em relação a dias melhores para o transporte urbano, a partir do que vivenciei nos dias 12 e 13 de agosto de 2025, durante o Seminário Nacional da Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos (NTU), em Brasília. Além da oportunidade de rever tantos amigos, pude me atualizar sobre as perspectivas de operadores, gestores, organizações civis, consultores, profissionais de tecnologia e representantes das montadoras. Foi tudo intenso, com muitos aprendizados e mensagens que apontam para uma mudança significativa na forma de pensar dos principais atores.
O aspecto que mais me chamou a atenção no aprendizado e nas mensagens foi o posicionamento dos políticos. Diferentemente dos eventos de que participei entre 2011 e 2019, os políticos se posicionaram de forma enfática ao afirmar que a mobilidade urbana — especialmente o transporte coletivo — será tratada como prioridade e urgência. Em especial, gostei das seguintes falas:
“…Não dá mais para o custo do transporte coletivo recair apenas nas costas dos usuários ou do poder público municipal. Hoje o cidadão tem que pagar pelo grosso da tarifa ou a prefeitura tem que subsidiar tirando dinheiro de outras áreas também prioritárias…” Álvaro Damião, Prefeito de Belo Horizonte.
“…São 5 lições de Goiânia para o Brasil: 1) Transporte precisa estar na agenda do prefeito; 2) Subsídio é parte da solução, não o problema; 3) Parceria Pública-Privada com transparência e metas; 4) Integração entre trânsito e transporte; 5) Divisão de responsabilidades entre os entes metropolitanos…” Sandro Mabel, Prefeito de Goiânia.
Essas afirmações revelam de forma clara a compreensão da situação que enfrentamos. Por um lado, o Prefeito de Belo Horizonte demonstra entendimento de que transporte de qualidade custa caro e que há que se buscar formas alternativas para financiar o sistema. “Esse ponto é crucial, pois o passado mostra a dependência da tarifa pública como único instrumento de custeio. Por outro lado, o Prefeito de Goiânia apresenta um conjunto coeso de princípios que norteiam a administração pública. Demonstra que as soluções devem ser sistêmicas e comprometidas com a construção de um horizonte sustentável, tanto financeiro quanto de governança. Em ambos os casos, as ações e políticas públicas adotadas nos últimos anos corroboram o discurso público desses líderes.
Certamente, nem tudo são flores e há espaço para críticas. Ainda assim, prefiro destacar os sinais positivos e significativos de avanço, capazes de superar o passado de inação ou de investimentos intermitentes. Se outros gestores públicos adotarem o posicionamento aqui ressaltado, teremos mais chances de construir políticas coordenadas e eficientes em todos os níveis.
Imagem – acervo pessoal
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