O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, se apresenta como um entusiasta do transporte coletivo, assim anunciado durante o Seminário Nacional da NTU 2025. Se ele usa o ônibus e o transporte coletivo, não foi comentado, mas o fato é que vem promovendo uma renovação no sistema local que, nos últimos anos, perdeu velocidade, competitividade e passageiros.
Hoje, a Nova Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) integra 21 municípios e beneficia 2,5 milhões de habitantes, operando com 299 linhas e tarifa única via Bilhete Único Metropolitano. A parceria com o Governo de Goiás permitiu que essa transformação tenha resultados positivos. “Antes, a velocidade média nas vias urbanas havia caído mais de 40%, chegando a 14 km/h. Já o número médio de viagens diárias tinha caído de 12 para 8. Para reverter esse cenário, a administração municipal estruturou um programa apoiado em três eixos: Nova Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), Novo Trânsito e Mobilidade Ativa”, disse o prefeito.
Segundo ele, a meta dessa transformação foi de fazer o goiano gostar de andar de ônibus, novamente, tendo um sistema moderno e eficiente. “Isso foi possível depois de perguntarmos se era possível transformar o transporte público no Brasil, acreditando que sim e decidindo por uma abordagem que levou em consideração a priorização do transporte coletivo, a gestão inteligente do tráfego e o estímulo à mobilidade ativa. Com a parceria do governo goiano, com uma visão que adotou o CAPEX, estamos tendo sucesso com a satisfação da freguesia do transporte, com subsídio para a renovação da frota, a revitalização dos terminais e das vias, afirmou Mabel.
Um detalhe interessante nessa transformação do transporte coletivo de Goiânia foi a otimização do fluxo veicular e a prioridade dos ônibus nos semáforos, onde a tecnologia permite a sincronização dos mesmos em mais de 80 cruzamentos, conversões livres à direita e operação semafórica em tempo real pela Central Integrada de Trânsito e Transporte (CITT).
O prefeito de Goiânia destacou, no evento, um termo que é bem conhecido pelos envolvidos com o transporte coletivo, a “metronização” dos ônibus, criado pelo arquiteto Jaime Lerner, considerado o pai do sistema BRT, quando em 1974, como prefeito de Curitiba, PR, implanta sua gênese e seu conceito, que anos depois ganharia o mundo.
Segundo Mabel, esse tema tem proporcionado resultados importantes e positivos em velocidade e conforto nas operações dentro da modalidade dos corredores de BRT. A velocidade dos ônibus aumentou até 30%, alcançando 23 km/h, com redução expressiva nas paradas em semáforos, maior pontualidade e menor desgaste da frota. “Com o uso da inteligência artificial alcançamos uma produtividade nos serviços. E, a cada 10 cruzamentos, o ônibus faz, apenas, uma parada com esse sistema de priorização. Dessa maneira, com a metronização, temos a maior regularidade e velocidade, com fluidez aos veículos”, informou.
O prefeito lembrou que o transporte precisa estar na agenda do prefeito e subsídio é parte da solução e não é problema. “Parcerias público-privadas precisam ter transparência e metas. Goiânia é a prova de que pode dar certo quando o poder público assume o protagonismo”, finalizou Mabel.
Investimento em frota
A capital de Goiás vem investindo na qualificação de seus dois sistemas de BRT (Trânsito Rápido de Ônibus) e na operação tradicional com a aquisição de ônibus maiores e convencionais dotados de tecnologias de propulsão a diesel, elétrica e, num futuro muito próximo, biometano.
A propulsão limpa tem sido almejada pela administração pública local, onde a eletricidade e o uso do gás natural renovável terão participação no processo de descarbonização do transporte de Goiânia. Haverá um investimento na construção de uma usina que gerará biometano a partir da vinhaça da cana de açúcar para ser utilizado nos futuros ônibus que a cidade terá.
De acordo com a operação do consórcio BRT, com a incorporação de veículos mais modernos, com baixa emissão de gases poluentes, silenciosos e eficientes, tal sistema se consolida como referência em transporte coletivo sustentável no Brasil, onde a nova frota traz ganhos significativos em redução de emissões, conforto para os passageiros e eficiência no deslocamento urbano, reforçando o compromisso da cidade com a inovação e a qualidade de vida.
No BRT Leste-Oeste, até o final de 2026, sua frota contará com 130 veículos, sendo 50 ônibus elétricos, 32 ônibus movidos a biometano e 48 ônibus com motores a diesel Euro VI. Já a frota do BRT Norte-Sul é composta por 68 ônibus, sendo 12 elétricos e 56 a diesel.
Esse contexto só é possível com a separação das tarifas – pública e técnica -, capaz de proporcionar uma operação equilibrada e sustentável economicamente. E, os investimentos em toda a reformulação do sistema envolvem um aporte de R$ 2,1 bilhões. Miguel Ângelo Pricinote, subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte de Goiás, destacou a governança compartilhada nessa política de transporte coletivo. Segundo ele, há uma liderança do governador Ronaldo Caiado e o sistema é gerido por uma Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo composta pelo Estado e prefeituras de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Trindade, que definem e aprovam conjuntamente investimentos e custos, como a tarifa técnica atual de R$12,54 (tarifa pública de R$ 4,30). “Isso mostra uma decisão conjunta dentre os entes governamentais. Trata-se de um avanço em governança e operacional, facilitando a vida dos passageiros e da gestão. Além disso, a participação da iniciativa privada tem sido muito positiva, colaborando com essa reformulação do sistema, de maneira ágil em manutenção do mobiliário urbano, dos terminais e do investimento em tecnologias para que a operação possa ser a mais eficiente”, observou.
Para Pricinote, é preciso entender que o transporte público é um vetor importante para a acessibilidade das pessoas à diversos segmentos da estrutura urbana. “Num país onde o planejamento urbano não é levado tão a sério, o espraiamento das cidades tem obrigado as pessoas a se deslocarem cada vez mais para seus destinos em escolas, trabalho, saúde e compras. Precisamos ter investimentos com foco no transporte coletivo acessível e qualificado e não no individual, como acontece em muitas situações”, disse.
Imagens – Divulgação
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