Por Mauro Herszkowicz, presidente da FETPESP

Há poucos dias, representando a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo (FETPESP), acompanhei a Busworld Europe 2025, principal feira internacional do setor de ônibus, realizada em Bruxelas, na Bélgica. Um evento que mostrou a transformação e o compromisso da indústria de ônibus com os avanços tecnológicos e com a transição energética.

Reunindo mais de 500 expositores, a Busworld foi vitrine para o lançamento de modelos de ônibus com as mais variadas tecnologias sustentáveis, com o uso de energia renovável e de energia limpa e recursos de ponta que demonstram o importante papel do setor no atendimento às necessidades da população.

Em uma feira do porte da Busworld fica evidente que todas as ferramentas que podem tornar o ônibus protagonista de uma mobilidade de qualidade e com baixo impacto ambiental estão disponíveis para que as cidades criem sistemas de transporte público eficientes e atraentes para os cidadãos.

A Busworld aponta para um cenário promissor, oferecendo uma visão geral do mercado e das tendências futuras, tanto na tecnologia veicular como nos sistemas de gerenciamento inteligente e aplicativos de mobilidade que podem melhorar a eficiência e a experiência do usuário e otimizar o serviço oferecido à população.

No entanto, se a tecnologia e a inovação estão disponíveis, por outro lado, ainda são poucos os investimentos em infraestrutura eficaz e moderna, que tornem o transporte coletivo mais confiável, transformando-o numa melhor opção ao transporte individual, promovendo a diminuição dos congestionamentos, a redução nos tempos de viagens e a mitigação da poluição atmosférica.

Renovar a frota de ônibus com veículos que utilizam diferentes tipos de motores de propulsão, movidos a eletricidade, a biometano ou biocombustíveis, é uma responsabilidade do setor, mas não significa, necessariamente, que serão obtidos ganhos operacionais, com melhor atendimento aos passageiros. Sem planejamento e investimentos que assegurem a devida prioridade nos sistemas viários, os ônibus continuarão disputando espaço com os meios de transporte individuais, penalizando os usuários com viagens mais demoradas.

Faz-se, assim, necessária a reestruturação das redes de transporte coletivo, tornando-o acessível a todas as pessoas, com a criação de vias exclusivas para os ônibus, estações de embarque e desembarque bem projetadas, fontes de financiamento extratarifárias e a conscientização da população sobre os benefícios do transporte público e a sua importância para uma mobilidade sustentável.

Imagem – Revista AutoBus