Acompanhando os passos do futuro

Para a Scania, três fatores moverão o transporte rumo à sociedade inteligente – eficiência energética, transporte inteligente e seguro, e combustíveis renováveis e eletrificação

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Depois de algum tempo se aclimatando por aqui, rodando internamente pela fábrica, em São Bernardo do Campo, o chassi para ônibus urbano com tração elétrica da Scania promete ser mais uma novidade para o mercado brasileiro de transporte coletivo, em breve tempo.

A revista AutoBus, com exclusividade, foi conhecer de perto essa nova opção de ônibus sem emissão incorporado na estratégia ambiental da montadora. O veículo foi trazido da matriz da montadora (Suécia) para um processo de testes visando sua adaptação ao mercado local.

Após esse minucioso processo, a marca pretende produzi-lo, futuramente, em sua planta de São Bernardo do Campo (SP). Olhando superficialmente, o veículo tem como diferencial a carroçaria produzida pela empresa espanhola Castrosua. Porém, é debaixo dela que está todo o segredo da montadora de chassi.

Vamos fazer uma analogia com um livro em um período escolar. Depois de você ler e estudar, será os teus conhecimentos adquiridos nessa obra que te ajudarão na prova. E assim, a Scania quer conhecer o chassi, que veio da Suécia, para poder introduzi-lo por aqui, estudando cada parte (capítulo) de sua tecnologia. De acordo com Marco Antonio Garcia, consultor técnico de Pesquisa e Desenvolvimento da Scania Latin America, o modelo passará por um processo de avaliação e testes visando atender as peculiaridades do mercado local. “Nós trabalhamos globalmente no desenvolvimento de nossos veículos. Com este veículo, queremos saber como ele irá se portar por aqui para que se transforme em uma referência em termos de futuro”, disse ele.

Neste primeiro momento, o ônibus, que tem a carroçaria espanhola da marca Castrosua, passará por um minucioso processo de conhecimento na forma de testes de campo para poder reproduzir uma análise completa sobre a sua estrutura e o conceito tecnológico aplicado. “Vamos avaliá-lo em termos de aspecto visual, sobre a sua recarga elétrica e construção. Mesmo sob as condições diferentes encontradas na Europa, como a temperatura de nosso clima e a forma de operação, iremos levantar um pacote de informações para darmos início ao extenso processo de pesquisa e desenvolvimento”, afirmou Garcia.

Veículo de última geração

O modelo que está por aqui tem oito baterias e sofreu um retrabalho no layout interno da carroçaria para se adequar ao que se utiliza em acabamento e disposição das poltronas, já que o ônibus urbano brasileiro é conhecido por transportar um alto volume de passageiros.

Segundo Marco Antonio, a montadora estuda com muita atenção a questão das baterias, seja referente a produção local ou na forma de distribuí-las na estrutura do veículo. “Precisamos entender como será resolvida a adoção tecnológica das baterias. Temos que olhar atentamente o quesito da densidade energética das mesmas. Cada dia é uma história nesse contexto. Queremos ter a certeza para poder disponibilizar o melhor para o mercado”, observou ele.

Já André Rodrigues de Oliveira, gerente de Ônibus da Scania para a América Latina, comentou que é preciso ponderar a respeito sobre o desenvolvimento e a eficiência das baterias em relação à operação diária. “Nós, da Scania, estamos preocupados em desempenhar um papel para alcançar uma reposta positiva em termos tecnológicos, oferecendo uma solução própria, eficiente e avançada. Nisso, queremos dar ao mercado o equilíbrio na relação entre autonomia, capacidade de transporte e custo operacional, principais pontos que são entendidos como o sucesso a ser buscado”, comentou.

No tocante ao custo de aquisição de um ônibus elétrico, André salientou que é um tema de relativa importância, pois o operador avalia detalhadamente esse assunto. “Precisamos trabalhar para entregar um produto competitivo no mercado visando satisfazer a demanda que o transportador tem em termos de ciclo de vida e investimento inicial”, observou André.

Ainda, segundo o executivo, é preciso dar ao cliente um nível de serviço altamente competitivo, para que ele possa ter a rentabilidade em seus negócios. “Ao apresentarmos uma nova tecnologia, temos que pensar na situação do cliente ao entregar uma solução eficiente para que ele obtenha sucesso em seus negócios”, disse ele.

E como enfrentar a concorrência? De acordo com André, a Scania tem uma preocupação em oferecer uma equação equilibrada e vantajosa ao operador do transporte urbano sob a forma da qualidade e da forma de atendimento, além da disponibilidade de produtos e serviços adequados com que o mercado necessitará. “Daqui para frente, o modelo de negócios será cada vez mais complexo, fato que não representará apenas na venda do veículo, mas sim numa solução completa que contemple o cliente ou parceiro de negócios”, afirmou.

Interior com acabamento primoroso

E as outras alternativas tecnológicas presentes no mercado? André destacou que a montadora tem uma gama de produtos eficientes e um pensamento que ressalta a consciência ambiental que vai ao encontro de modelos que não utilizam somente a energia elétrica. “Não pensamos em solução única para o transporte urbano. Em médio e longo prazo, acreditamos nos motores Euro VI com níveis baixíssimos de emissões poluentes, no próprio exemplo da eletrificação e também nos biocombustíveis, como é o caso do biometano, para termos sistemas de transporte mais limpos”, observou.

Seguindo esse raciocínio, é possível entender e propor uma harmonização entre as tecnologias e os biocombustíveis em sistemas urbanos, por meio de corredores de ônibus com alta demanda de passageiros, onde os veículos maiores podem operar com o biometano, e, em serviços realizados nas áreas centrais das cidades, com a utilização de ônibus elétricos a baterias, união que pode contribuir significativamente com a redução dos impactos negativos causados pelas emissões poluentes ao ambiente e às pessoas.

Para a Scania, três fatores moverão o transporte rumo à sociedade inteligente – eficiência energética, transporte inteligente e seguro, e combustíveis renováveis e eletrificação.

Alguns dados do ônibus

Carregamento: aproximadamente duas horas

Potência de 2.100 Nm ou equivalente a 300 cv

Consumo de 0,9 kW/km

Imagens – Revista AutoBus

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