Reta final de 2024

2024 será o espelho de 2025???

Editorial

Mais um ano fecha suas portas, revelando que os sistemas de transporte de passageiros em nosso Brasil tiveram diversas circunstâncias carregadas de desafios, cheias de projetos, trabalho e ações, aspectos que determinaram o sucesso ou a sua ausência perante a mobilidade coletiva sobre pneus.

O transporte realizado pelo ônibus tem cenários distintos para uma avaliação mais aprofundada. Continuamos a ser o país desse modal que é o principal no deslocamento das pessoas. Sabemos fazer ônibus como ninguém, com projetos, veículos e modelos adequados às multiplicidades de nichos. Mas, ainda, podemos ver que na lógica operacional os segmentos se diferenciam, respondendo, de maneiras desiguais as demandas de seus clientes.

No setor urbano, o tão esperado Marco Regulatório, que tem o objetivo de promover mudanças significativas nas relações entre operadores, poder público e passageiros, reduzir o impacto econômico, qualificar e modernizar os serviços e aprimorar contratos de concessão do transporte coletivo, ficou, novamente, aguardando sua aprovação no Congresso Brasileiro.

Com isso, o segmento segue cambaleando em meio à uma concorrência cada vez mais acirrada, vinda de outros modais que caíram no gosto das pessoas – automóvel e motocicleta próprios, transporte por aplicativo e as conhecidas caminhada e bicicleta. Para sobreviverem, os serviços de ônibus (a maioria sem atrativos) têm necessitados de aportes financeiros oriundos das prefeituras.

Em paralelo, a adoção da tarifa zero tem brilhado os olhos de prefeitos que olham para o contexto uma forma de valorizar e resgatar os serviços e a demanda transportada. Se a prefeitura tem condições financeiros para isso, nada melhor que aproveitar o momento. Porém, até quando? Todos querem algo de graça, mas, quem paga por isso?

Quanto ao processo de descarbonização, a tração elétrica foi a eleita para ser o seu principal combustível. Entretanto, numa análise abrangente, é preciso lembrar que outras formas limpas de propulsão se encontram disponíveis no setor. Falta vontade política para que escolhas unilaterais não sejam as únicas enquanto o País tem o potencial para oferecer biometano, diesel verde e até hidrogênio visando alcançar as metas limpas.

Enquanto o ônibus urbano sente os efeitos negativos, o estradeiro, aquele que liga as cidades e os estados, vai bem, obrigado. O setor veio se modernizando nos últimos anos com políticas de governança que impactaram sua operação, com o propósito de dar ao seu público uma identidade em que o conforto e a segurança viajam juntas.

Menos engessado que os serviços subservientes aos prefeitos e órgãos municipais descompromissados com a causa, o mercado rodoviário teve, no decorrer de 2024, o seu Marco Regulatório aprovado para proporcionar e garantir o desempenho operacional e uma relação salutar entre os envolvidos. Com isso, podemos ver constantes investimentos na renovação das frotas e na valorização profissional, no aumento da oferta de linhas regulares e a preocupação em manter o alto nível dos serviços. Claro que questões relacionadas com a infraestrutura (rodovias e pontos de apoio sem qualidade) ainda afetam o modal. Nesse aspecto, é dever dos governos em dar e cobrar melhores condições para que as pessoas usufruam dos ônibus rodoviários.

Por fim, o transporte em regime de fretamento buscou superar os seus desafios, sempre utilizando-se de estratégias comerciais em que a inovação determina seu ritmo de vida. Por si, é um setor de grande importância para a mobilidade das pessoas, com a responsabilidade de incentivar o trabalho e o turismo brasileiro.

Logo, 2025 já chega. Será que repetirei estas palavras em seu fim? Vamos aguardar os seus desdobramentos.

Um adendo: O transporte rodoviário por linhas regulares tem mais um ponto a seu favor – o atual momento do setor aéreo. Com o valor das passagens literalmente nas alturas e a falta de peças no mercado para a manutenção dos aviões, obrigando as companhias a manterem em solo suas aeronaves, o ônibus estradeiro revela-se uma opção interessante para se conhecer o Brasil por terra.

Imagens – Acervo revista AutoBus

 

 

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