Transporte coletivo para um Brasil coletivo

"Dados levantados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), na Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana 2024, indicaram que, pela primeira vez, os deslocamentos por carros e motos ultrapassaram os feitos por ônibus, em algumas capitais do Brasil"

Por Mauro Herszkowicz, presidente da FETPESP

Algumas agências de notícias divulgaram, recentemente, a intenção do governo federal de lançar um programa de concessão de linhas de crédito, para incentivar a compra de motocicletas por entregadores de aplicativos. A ideia é beneficiar a classe trabalhadora e movimentar a economia.

Em que pese a preocupação com a questão socioeconômica, a sinalização governamental deveria ser pelo estímulo ao uso do transporte coletivo e não à utilização do transporte individual e todas as suas consequências nocivas, tanto para o meio ambiente como para a saúde pública do país.

Nesse sentido, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) lançou, no final de maio passado, durante a apresentação da nova direção da entidade, o lema “O Brasil é Coletivo”, alertando para a possibilidade de as cidades brasileiras entrarem em colapso, caso o modelo baseado no transporte individual continue avançando, principalmente pela expansão dos serviços de aplicativos com motos. O transporte individual afeta negativamente o trânsito e a eficiência dos sistemas de transporte coletivo.

A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo (FETPESP), desde o início deste ano, vem se manifestando contra a permissão do serviço de transporte individual por meio do mototáxi, que pode gerar um maior número de acidentes de trânsito nas cidades, aumentando o número de vidas colocadas em risco, além de provocar um impacto adverso significativo nos serviços públicos regulamentados de transporte de passageiros.

Mauro Herszkowicz

Para a NTU e a FETPESP, o transporte coletivo tem um papel importante na mobilidade e no cotidiano das pessoas e deve ser o eixo central do planejamento urbano.  Todos os esforços devem ser direcionados para a recuperação da demanda de passageiros registrada antes da pandemia do coronavírus, já que a queda no número de usuários contribuiu para um cenário deficitário das empresas operadoras e para o aumento dos custos e das tarifas.

Dados levantados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), na Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana 2024, indicaram que, pela primeira vez, os deslocamentos por carros e motos ultrapassaram os feitos por ônibus, em algumas capitais do Brasil.

Por isso, é urgente que os investimentos e as políticas públicas priorizem a promoção da melhoria e expansão dos serviços de transporte coletivo, com aplicação de recursos na infraestrutura –  faixas exclusivas e sistemas rápidos e eficientes, como o Bus Rapid Transit (BRT) – ; na implementação de projetos de substituição da frota, com uso de veículos sustentáveis ambientalmente; e na adoção de subsídios aos passageiros, para assegurar a redução do impacto tarifário, principalmente para a população de baixa renda.

Imagens – Divulgação e revista AutoBus

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