Viação Santa Cruz no caminho da sustentabilidade

Operadora paulista oficializa seu primeiro serviço rodoviário usando um ônibus movido a gás natural ou biometano

A iniciativa de um transporte livre das emissões poluentes coloca a empresa paulista, Viação Santa Cruz, na vanguarda da sustentabilidade no segmento do transporte rodoviário de passageiros. E olha que isso vai além do regionalismo, para uma atuação nacional, pois, ainda, não se vê mobilizações em torno do tema quando o assunto é a mobilidade coletiva estradeira.

É que a transportadora aposta na propulsão alternativa ao diesel, usando, para fins de avaliação tecnológica, um modelo de ônibus movido a gás natural ou biometano, em uma de suas linhas, na rota entre as cidades de São Paulo e Campinas. Após concluir uma estratégia comercial com a fornecedora de seus chassis, a marca Scania, a Santa Cruz começou a operar o chassi K320 que tem um motor ciclo Otto de 320 cv de potência.

Apesar da pequena demora, decorrida da burocracia, o veículo, que foi apresentado em junho passado à imprensa segmentada, iniciou sua rotina operacional em dois horários diários entre São Paulo (Terminal Barra Funda) e Campinas, distantes 100 km. E, nas palavras de seu diretor-presidente, Francisco Mazon, ele tende a se destacar no segmento. “Demorou, mas saiu. Agora é avaliar sua performance para obtermos todas as informações que queremos saber da inovação sustentável em nossas operações”.

Mazon se mostra entusiasmado com a novidade em sua frota, que no final de 2025 será composta, apenas, por ônibus Euro VI, um diferencial em termos ambientais, pois a tecnologia é capaz de reduzir substancialmente as emissões poluentes do transporte. “Acreditamos na nova matriz energética em nossos negócios. Claro, precisamos nos unir e ter apoio de todos os envolvidos, seja governo estadual, a Scania, a Comgás. A realidade é que queremos investir nesse processo de descarbonização usando, em primeiro lugar o gás natural e depois o biometano”, afirmou.

Perguntado sobre a questão custo da nova tecnologia de propulsão, o diretor da transportadora disse que esse é um tema que precisa ser muito bem avaliado, contudo, após um período de rodagem do veículo, sem passageiros, percebeu-se que em relação ao custo operacional ele tende ser menor que o ônibus a diesel. “O custo do capital, ainda, é um pouco maior que a versão a diesel. Por isso que precisamos entender em quanto tempo o investimento será diluído. Preciso conversar com a Scania, com a Marcopolo, para chegarmos à um equilíbrio. Também, há a questão da certificação do biometano e da infraestrutura de abastecimento, que exigirá outros investimentos. Temos que avaliar muito bem isso”, respondeu Mazon.

Caso houvesse, hoje, um posto de abastecimento dentro da garagem da Santa Cruz, o custo do combustível seria 33% menor que o diesel. “Isso impacta positivamente nesse projeto”, sintetizou Mazon.

Francisco Mazon – Acreditamos no conceito do biometano no processo de descarbonização do segmento rodoviário

Para a Scania, a parceria com a operadora paulista promove uma relação muito positiva, sendo que a frota da Santa Cruz é 100% da marca, o que traz muitos benefícios comerciais. “A Santa Cruz está alinhada com os propósitos da Scania em reduzir as emissões poluentes do setor. Sendo ela uma referência no segmento, em que alcança o melhor do nosso produto, a operadora dá o seu primeiro passo em direção à jornada da sustentabilidade ambiental. Para isso promoveremos todo o nosso apoio para que os resultados possam ser positivos e confirmem o potencial desse tipo de propulsão”, disse Rogério Moro, gerente de contas de Soluções de Mobilidade da Scania.

Anderson Lopes, executivo da Comgás, lembrou que a empresa é maior distribuidora de gás da América Latina e que tem um papel muito importante no desenvolvimento desse mercado voltado para o transporte, seja de passageiros ou de carga. “A parceria com a Viação Santa Cruz e a Scania promove à Comgás uma experiência fundamental quanto a participar da sustentabilidade do transporte. E o uso do biometano nesse projeto ambiental da transportadora abrirá muitas portas para a confirmação dessa proposta. Para isso, as operadoras podem contar com toda a nossa infraestrutura de fornecimento do gás. A própria garagem da Santa Cruz pode ser beneficiada, pois há uma rede que passa na sua frente”, disse.

Segundo Moro, o modelo de testes do ônibus que será realizado pela transportadora se diferencia do período de avaliação já feito com ele por outra empresa, isso há mais de dois anos, num envolvimento mais próximo dentre todas as questões sobre a operação. “Hoje, reunimos nesse projeto a Comgás, o Setpesp numa proposta que visa dar elementos nessa avaliação. Não se trata, apenas, da validação da tecnologia, mas, sim, de proporcionar um maior conhecimento dentro dos pilares da sustentabilidade ambiental e financeira. Acreditamos muito nesse projeto”, ressaltou.

Um detalhe sobre a motorização a gás da Scania é que ela não precisa de qualquer modificação técnica para o uso do gás natural ou mesmo do biometano, diferentemente do que acontece na relação entre diesel e biodiesel, sendo necessárias algumas modificações em termos de sistema de pós-tratamento dos gases.

O referido ônibus que iniciou as operações está equipado com seis cilindros (de aço) de gás, totalizando 720 litros, com autonomia para 450 km, o que é adequado para o tipo de serviço executado.

Imagens – Revista AutoBus

 

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