Fim de ciclo, 2025 encerra sua trajetória com os muitos desafios em torno do transporte coletivo, urbano ou rodoviário. Tivemos altos e baixos com os muitos exemplos em operação e serviços num momento em que a transição energética do setor precisa ser realizada de forma sustentável e equilibrada, explorando nossas oportunidades quanto as diversas possibilidades em energia limpa, não se atendo a uma única solução, como muitos querem.
Somos um país rico em ideias e recursos que podem ser aproveitados com viabilidade no transporte coletivo, onde as diversas tecnologias limpas podem estar nos ônibus para que a redução das emissões poluentes seja alcançada. E foi nesse contexto que o ano de 2025 alcançou iniciativas que nos levam a um transporte livre da poluição, com projetos que vão além da eletricidade (baterias) para diversidades realistas com as condições de cada região brasileira. Claro, estamos avançando no quesito da eletrificação, com poder de conhecimento tecnológico expressivo. Porém, nessa transição, podemos ter outras escolhas que aproveitam o potencial brasileiro e as peculiaridades positivas dos biocombustíveis, energéticos com grande poder de contribuição na emissão zero, e da propulsão híbrida.
Mas, transição energética é só tecnologia limpa? Para este editorial não. Precisamos avaliar que a mitigação dos efeitos nefastos da poluição envolve mais. Qual o preço? Afinal, ninguém quer investir nisso sozinho sem ter rentabilidade.
Como podemos impactar, o menos possível, a natureza quando falamos em produzir baterias e biocombustíveis?
A sinergia entre elétricos e motores de combustão interna com biocombustíveis tende a ser positiva. Contudo, como vamos investir nisso? Quais as políticas públicas num setor engessado (transporte urbano) que prevalecerão em meio a ideologias e investimentos infundados?
Na agenda política, muito mais do que um status, a eletrificação deveria ser abordada como opção dentro das alternativas disponíveis. Recentemente, a COP30 mostrou, em diversos painéis, que a descarbonização do transporte é um processo que envolve uma matriz energética diversificada, adequada com os investimentos, altos em muitos casos, na realidade operacional brasileira.
Portanto, o ano de 2026 nos deverá dar respostas à todos questionamentos conectados com os fundamentos da transição energética, observando que, além das modalidades tecnológicas, a operação eficiente deve ser um aspecto ressaltado em sintonia com as demandas do setor do transporte coletivo, afinal, ninguém quer viajar em ônibus parado no meio do trânsito, seja ele elétrico, Euro VI ou movido a outro combustível.

Reafirmando que o ônibus não é o vilão quanto as emissões poluentes em meio aos outros modais de transporte, visto pelo interesse radical em proporcionar um mercado único assim como tem acontecido na Europa e Estados Unidos, localidades que têm realidades diferentes da nossa, com grandes incentivos do estado e sob a égide de grandes fundos financiadores.
Já, a respeito de nós, o compromisso brasileiro com o transporte limpo e a redução da pegada de carbono exige a participação de todos os envolvidos com o segmento, num planejamento focado pela sensatez, racionalidade e bom uso dos recursos. E, para muitos que pensam na diversidade tecnológica, é comum ouvir que o futuro da propulsão dos ônibus não será elétrica, mas eclética, em virtude do potencial que temos por meio de uma matriz energética matizada, com forte apelo à descarbonização. Que isso se concretize.
Se queremos mudanças, temos que trabalhar para isso. Nós, da imprensa segmentada, com o papel de sermos imparciais, não podemos ficar de fora das demandas do transporte em relação aos seus principais desafios. Lidamos com informações e notícias diariamente, seguindo uma linha editorial onde buscamos, sempre, enaltecer os princípios, os desenvolvimentos, os projetos, amadurecer os conceitos e as medidas concretas quanto a propulsão e operação que trazem benefícios à mobilidade coletiva.
Nesse contexto, o propósito deste editorial é chamar a atenção para que 2026 possa ser um ano diferente e especial, que valorize e incite o potencial energético brasileiro indicado ao transporte coletivo quanto a receber incentivos governamentais e políticas públicas, com programas flexíveis e de forma a propagar suas diversas modalidades em tração e combustíveis (o paradoxo não pode dominar as decisões sobre os biocombustíveis e o consequente uso comercial), além da promoção e investimentos na operação eficiente dos ônibus com infraestrutura exclusiva, acessível e ambientalmente correta.
Não queremos a transição energética como bandeira de governo, mas sim como programa de Estado, com iniciativas sérias e longevas. O meio ambiente agradece.
Imagens – Acervo revista AutoBus













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